terça-feira, janeiro 22, 2013

Se tu visses o que eu vi...não, deixa lá, eu cá não vi nada de especial


Há (muito muito) tempo, nos anos em que estudei em Lisboa, lembro-me de todos os dias ver caras diferentes, que nunca tinha visto. Sempre pensei que andasse muita gente lá na escola. Mas não. Mais tarde apercebi-me que não, era impossível todos os dias haver gente nova. Era mesmo eu que era distraída. 
Ou então vamos chamar-lhe antes MALDIÇÃO. Conhecia a minha turma e pouco mais. Mais algumas *uma* pessoa. Estou a brincar. Talvez fossem duas. 
Bom, 4 anos depois saí de lá e pensei que podia fechar esse capítulo. Menos caras, menos gente, menos esforço social.
Anos depois, já a trabalhar, tive colegas a perguntar-me "olha lá, tu não estudaste na fmjiojfiojwer de Lisboa?" ao que eu respondia "sim", mas a medo. Podiam perguntar-me "conhecias o *zé facalhão do mato* e/ou *a sonia-vânia-tânia anca-larga* (sim, porque quando nos perguntam se conhecemos alguém, há sempre um apelido agarrado ao nome...), ao que eu iria responder "hmm..não estou a ver...sabes, eu não passava muito tempo na escola..." Não, eu cá não conheço ninguém. Sofro de uma condição chamada #nãosoubisgolhamasatuacaranãomediznada, vulgo nunca-falaste-comigo-então-não-te-conheço, juntamente com o síndrome *eu só passo aqui em preto e branco*, que é como quem diz- ninguém dá por mim.

Trabalho há uns aninhos e este ano, por montes de coisas e cenas que agora não me apetece esmiuçar, tive de mudar de escola e, quando lá cheguei, voltou a MALDIÇÃO do NÃO CONHEÇO NINGUÉM, VEJO CARAS NOVAS EM TODO O LADO.
Desenvolvi então uma cena curiosa que nunca tinha reparado. Ora vamos lá ver : tenho vindo a reparar que durante o dia acabo por me cruzar com as mesmas pessoas vezes e vezes e vezes sem conta. Eu não sei os nomes delas, elas não sabem o meu. 
Então é assim: quando chego, pouso a mala e digo bom dia. Respondam ou não respondam, é esta a minha interação. 
...Ok,ok,não sou assim tão bicho do mato. Com quem já começou a falar comigo até não sou tão arisca. Agora para os outros, aqueles com quem me cruzo 2, 3, 4 ou 5 vezes no mesmo dia e nem o meu nome sabem,e muito menos eu o deles, acabo por distribuir *abrires de olhos* e *encolheres de ombros*, que é passar por eles e enquanto o faço, abro os olhos um bocadinho ou encolho os ombros com ar de pois-é-cá-estamos-tem-de-ser! Às vezes até acompanho o gesto com um estalinho com a língua ou um levantar de cabeça tipo aquele que fazia o Nick, namorado da Mallory do "quem sai aos seus" quando dizia "HEEEEY".
Então e aqueles que sabem o meu nome, mas não o sabem escrever? Aiiii que raivasssssssss (sim, no plural!) É irritante ter sempre alguém que não o saiba pronunciar. Isto de certeza que acontece com toda a gente. Um "Sousa" trocado por um "Santos", um "Rebelo" trocado por um "Robalo", um "Pires" trocado por um "Peres"...Cada um de nós transporta a sua cruz, e os que se enganam transportam óculos com as dioptrias trocadas e/ou dislexia/disgrafia. 
Portanto, e para encerrar este já longo disparate, há dias em que me rio muito sozinha, outros em que, se me perguntarem o meu nome, faço como nos inquéritos pedidos à Universidade Católica -  NS/NR.


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