Logo a começar no estacionamento. Tentem deixar o carro na Decathlon (que fica mesmo ao lado) para poupar uns trocos. Até para se ter uma urgência tem que se andar com trocos nos bolsos...
Pois bem, lá dentro, sala de espera, senhora com ar macabro vem ao meu encontro e tenta roubar-me as canadianas.
Para quê? Não sei. Acho que não era para os apanhados, mas até estive bem - cara 33 de "desculpe, mas parece-me que estas não são suas" até ao acompanhante da senhora intervir e dizer para ela estar sossegadita e não importunar as pessoas.
Pelo sim pelo não, arrumei todos os meus pertences muito bem arrumadinhos nos bolsos, no caso de haver mais cleptos por ali à solta...
Sala de observação - ao canto um miúdo com a perna numa tala e sua mãe.
"É aqui a ortopedia?"
Era. E a senhora contou a história do miúdo, que até era bem.comportado, mas que nesse dia saiu de casa e foi brincar para o parque e deu uma queda e "não sei se é a perna partida, mas que foi uma grande queda foi, disse-me o senhor lá do café que me foi chamar; se calhar até é algum traumatismo, veja lá que com isto tudo até lhe desapareceu o telemóvel que lhe tinha comprado..."
Entretanto chegam mais umas pessoas e a senhora conta a história outra vez, para cada uma delas ouvir.
O médico, que andava "a monte" há já quase meia hora nunca mais aparecia, e com a história dramática que a mãe contava a cada um dos transeuntes, o miúdo começa a gritar - "ai, ai, doi, ai, que doi" e pronto, festa feita.
A mãe - " ai, meu querido, meu amor, coitadinho, É BEM FEITA PARA APRENDERES! Coitadinho, meu menino...PARA A PRÓXIMA NÃO SAIS DE CASA COM A BOLA! Pobrezinho... E o puto "ai, ai AI, AI, dói, está frio, está quente, destapa-me"
Para alegrar a festa chega uma boazona que só consegue mexer a cabeça para um dos lados.
O médico continua a monte.
Os gritos do puto aumentam de volume.
A mãe começa a ficar nervosa e a falar alto.
Vários auxiliares passam e nada fazem (excepto fazer festinhas com os olhos à da cabeça revirada)
"AI, AI, AI" grita o puto.
As senhoras juntam-se à volta da maca dele a dizer "coitadinho".
A mãe decide repetir a história, para o caso de alguém não ter prestado atenção...
"e até o telemóvel perdeu...o que foi meu amor? O QUE É QUE QUERES QUE EU TE FAÇA?? TEM MAS É PACIÊNCIA! ESTE HOSPITAL É UMA VERGONHA!
Talvez chamada pelos gritos do gaiato, uma enfermeira aparece -"dói-te, meu querido? Queres que te dê qualquer coisa para as dores?"
"Sim" - e desapareceu para trás do sol posto para nunca mais ser vista .
Entretanto, já uma fila jeitosa e aparece o médico.
Lá entra o puto. Lá de dentro e de outra sala ao lado só se ouvem berros.
Do puto ouvimos dizer "Socorro!"
Sai de la todo contentinho, com um gesso na perna e o médico diz à fila descomunal de pessoas:
"Entrem, que eu não sei a ordem"
Caos instalado.
(...)
Mudança de sala de espera para uma muito melhor.
Nesta toda a gente em cadeira de rodas a tossir, umas em macas a vomitar.
Na sala de tratamentos um tem um ataque ali à vista de todos depois de mandar um grito que deve ter feito a que não virava a cabeça ter dado três piruetas e um salto mortal encarpado.
A sangrar da boca e a contorcer-se, uns 5 enfermeiros de volta e de repente ouve-se PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Queres ver que morreu?
Eu não sei. Assim que consegui fugi e parece-me que não quero lá voltar.
3 comentários:
OI Inês!
Td bem?
A roubar-te as canadianas?!?! Ent??
;)
oi oi! Estava a segurá-las, não eram minhas! ;)
Bolas........! Que aventura... =/
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