quarta-feira, fevereiro 27, 2008

(e depois disso já se tinha ido a frescura do banho e tinha as bochechas encarnadas de correr ao frio)


...Acabadas de jantar e a subir a rua Garret, no Chiado, na palhaçada habitual de quem espera uma noite fantástica, ao chegar precisamente à brasileira, mesmo lá no topo da rua, lembro-me - O MEU TELEMÓVEL!!

…e tudo me volta à mente; o jantar, a galhofa, a casa de banho e o TELEMÓVEL EM CIMA DO SUPORTE DO PAPEL HIGIÉNICO da segunda casa de banho dos armazéns do Chiado!

Desato a correr rua abaixo, enquanto ao mesmo tempo penso que já devem estar a desvendar os meus segredos mais profundos; a ouvir as músicas, a ver as fotografias proibidas, a ler as mensagens secretas…

Esbaforida, já nos aos armazéns, confronto-me com as estúpidas escadas rolantes a descer em vez de a subir ao andar da casa de banho, ( isto para ser mais dramático era ver-me subir as escadas ao contrário, mas não, ainda tinha um pouco de self awareness para me aperceber que fazer isso seria simplesmente PARVO) meto-me no elevador.

Chego finalmente lá acima, quase arrombo a porta da casa de banho. Nada. Pergunto a toda a gente que lá está se o viram.

Nada.

Já sem esperança, saio de lá. As ideias mais absurdas andam aos pinotes pela minha cabeça. Absurdas estilo andar de mesa em mesa a perguntar se alguém teria visto meu telemovel.

…quando, de repente, lá ao fundo, uma rapariga segura algo na mão e entrega ao segurança aquilo me depressa me apercebo ser o meu pequeno.

Tenho sorte e recupero-o.



...E quem também tem sorte é quem não se esquece do telemovel para eu achar e nunca mais o devolver.

(…é por isto que gostaria de agradecer à rapariga que o encontrou e devolveu por ter sido tão honesta. Muito obrigada;))

7 comentários:

sunrise in aries disse...

esses episódios acontecem com alguma recorrência na minha vida >.<
mas posto assim, até parece hilariante.

Anónimo disse...

foi muito querida a rapariga vistesss.
(queixinhas)

Sónia R. disse...

Bem, que sorte! Eu seria mais como tu, e ficaria com ele... E porquê? Porque penso: "se eu o entregar a alguém não só fico não fico com ele, como a pessoa a quem o vou entregar ganha um tlm novo sem dizer ai nem ui!" Mas é bom saber que há pessoas mais honestas e boas que eu. Sério.

Teresa disse...

Não acredito que não o entregasses, desculpa...

inês, a anónima disse...

Acho que há situações em que só quando as vivemos podemos saber o que faríamos. Cada vez mais penso assim; será que estou a ficar crescida?:P

Teresa disse...

É sempre bom que nos questionemos. Tenho uma história curiosa, acontecida com uma amiga minha há uns bons anos. Na altura era caixa de um banco. No dia 23 de Dezembro, que é possivelmente em todo o ano o dia de maior movimento aos balcões, nem ela sabe como fez aquilo mas... deu 500 contos a mais a uma pessoa que foi fazer um levantamento (e o caixa é responsável pelas falhas...). O cliente só deu por isso mais tarde (outra anormalidade) e telefonou para o banco a dizer que não se preocupassem, a menina da caixa tinha-se enganado. Naquele dia já não poderia ir lá... mas no dia 26 lá estaria a devolver o dinheiro.

Contei esta história a muita gente, na altura. Gente que tenho na conta de séria. Quase todos me disseram: "O quê, um caixa desconhecido de um banco qualquer?! Claro que ficava com o dinheiro!"

inês, a anónima disse...

Eu não teria coragem; especialmente sabendo (e bem sei!) que a reposição tem de ser feita do bolso de quem se engana!!
...pode parecer parvo, mas cada vez que devolvo algo que me dão a mais e não me pertence, sinto-me sempre muito feliz. Porque será?